Núcleo do HUCF revela aumento de vítimas de escorpiões e reforça alerta sobre cuidados em tempos de pandemia
LEGENDA FOTOS: Os ataques de escorpiões respondem a mais de 80% dos casos atendidos pelo núcleo específico do Hospital da Unimontes (FOTOS: Divulgação Alexandre Michelotto)
Número
entre janeiro e maio é maior em relação ao mesmo período do ano passado; com
dois óbitos de crianças da região
Os números divulgados nesta
semana pelo Núcleo de Vigilância Epidemiológica em Ambiente Hospitalar (Nuveh),
do Hospital Universitário Clemente de Faria (HUCF), reforçam por si só a
preocupação e a necessidade de prevenção aos ataques de animais peçonhentos.
Nos cinco primeiros meses de 2020, a unidade já atendeu 1.184 casos de picadas
de escorpião, caso mais comum registrado pelo HUCF e que corresponde a 80% do
total de vítimas neste tipo de acidente. Infelizmente, dois dos pacientes não
resistiram e faleceram.
“A atenção com crianças e
idosos deve ser redobrada neste período de pandemia da COVID-19, em todos os
aspectos. E, neste sentido, reforçamos também o pedido para que se tenha
cuidados e evitem os riscos de acidentes com animais peçonhentos”, alerta o
médico pediatra Carlos Lopo, da equipe do HUCF.
Fatais
Entre janeiro e maio de
2019, o Nuveh registrou 1.173 picadas de escorpião, 1% a menos em relação a
este ano, contra 1.060 em 2018, no mesmo período. Sobre os casos fatais, neste
ano, até a primeira semana de junho, dois falecimentos por causa de escorpiões:
um menino de 7 anos, natural de Janaúba, e uma criança de 4 anos, do distrito
de Bentópolis de Minas, município de Ubaí (Norte de Minas). No histórico
recente, um óbito em 2018 (criança de seis anos) e três óbitos em 2019
(crianças de 3, 10 e 12 anos).
“Apesar de ainda não
estarmos no período que combina altas temperaturas com chuvas, não devemos
esquecer que os animais peçonhentos estão soltos e vivem mais próximos do que
imaginamos. A prevenção deve existir a todo o momento. As medidas antecipadas
aos animais peçonhentos, assim como os cuidados preventivos que estamos
vivenciando com a gripe, é sempre a ação mais tranquila e aceitável de se
evitar uma internação grave ou o risco de morte”, pontuou o médico.
Mais
números
Como citado acima, as
picadas de escorpiões foram responsáveis por 80,38% (1.184) das notificações de
atendimento no Hospital da Unimontes entre 1º de janeiro e 31 de maio deste
ano. Considerando o histórico de casos com os demais animais peçonhentos, o
total geral chega a 1.473 vítimas em 2020: ataques de serpentes (96), de
insetos desconhecidos (56), aranha (23), lagarta (24), abelha (16) e de
marimbondo (7). O boletim considera, ainda, outros ataques, como mordedura de
cães (62), de gatos (2), de morcego (1) e rato (1) e, ainda, acidente com
primata/macaco (1).
Em todo o ano de 2019, o
Núcleo do HUCF teve 3.146 notificações: escorpiões (2.833), picadas de
serpentes (121), insetos desconhecidos (86), aranha (45), marimbondo (17),
lagarta (16), abelha (24), mordida de morcego (3) e lacraia (1). No ano
anterior, foram 2.908 notificações, com a maioria de vítimas de picadas de
escorpião (2.833).
Sobre
os escorpiões
Escorpiões são aracnídeos
como as aranhas e alguns realmente oferecem riscos seríssimos. Existem
aproximadamente duas mil espécies de escorpiões no mundo e, no Brasil, há cerca
de 100 delas. O gênero Tityus é o que
causa mais mortes, em especial o Tityus
serrulatus: o escorpião-amarelo. Suas populações eram naturais do Norte de
Minas, em uma área bem restrita, onde existiam machos e fêmeas. Hoje, a espécie
foi introduzida em grande parte do Brasil e se reproduz por partenogênese. Isto
é, não precisam de machos para gerar filhotes.
O escorpião é visto, hoje,
como um problema de saúde pública, se adaptaram bem aos meios urbanos:
cemitérios, esgotos e em locais de despejo de entulho e madeira.