Palivizumabe: HUCF imunizará crianças de zero a dois anos contra o Vírus Sincicial Respiratório (VSR)
Texto e fotos: Wesley Gonçalves/Ascom HUCF
Recém-nascidos e crianças merecem atenção dos pais e responsáveis, principalmente nos primeiros anos de vida. Aquelas que apresentam prematuridade, cardiopatia congênita, doença pulmonar crônica da prematuridade e outras comorbidades, necessitam de cuidados mais especiais.
Uma das infecções oportunistas sazonais que acometem as crianças é causada pelo Vírus Sincicial Respiratório (VSR). Trata-se de infecções respiratórias agudas no primeiro ano de vida, podendo ser responsável por até 75% das bronquiolites e 40% das pneumonias durante os períodos de sazonalidade. Pensando na prevenção e no cuidado, a Secretaria Estadual de Saúde (SES) e Secretaria Municipal de Saúde (SMS), em parceria com o Centro Ambulatorial de Especialidades Tancredo Neves (CAETAN), vinculado ao HUCF, começou nesta sexta-feira (11/2), a imunização de recém-nascidos e crianças de zero a 2 anos de idade, que tenham critérios indicados pelos pediatras para receber a Palivizumabe, uma imunoglobulina – um tipo de anticorpo “pronto” que induz imunização passiva específica contra o Vírus Sincicial Respiratório.
Além de aumentar a proteção de crianças contra a infecção pelo VSR, o medicamento também é recomendado para lactentes que tenham indicação médica. Nos casos indicados pelo pediatra, o Palivizumabe poderá ser administrado em até cinco doses, a cada 30 dias, no período de sazonalidade (maior circulação do VSR).
“A Palivizumabe é uma imunoglobulina com anticorpos ‘prontos’ é deve ser aplicada em bebês prematuros com até 28 semanas, bebês com até 1 ano de idade, crianças portadoras de comorbidade, cardiopatia congênita com repercussão hemodinâmica, doença pulmonar crônica e bebês com displasia broncopulmonar”, destaca a médica cardiopediatra responsável pela campanha no âmbito do CAETAN/HUCF, Patrícia Lopes.
A médica também ressalta que é extremamente importante que os pais não deixem de trazer os filhos para a imunização com a Palivizumabe. “O primeiro passo é o pediatra apontar a necessidade para o bebê. Em seguida, ir até a Secretaria de Saúde. Lá eles encaminharão para o CAETAN”, detalha Patrícia Lopes.
Enfermeira responsável pela campanha, Sandra Regina de Oliveira explica que a mobilização acontecerá toda sexta-feira, no sétimo andar do CAETAN. “É importante que pais ou responsáveis se atentem ao dia e hora e não deixem de trazer as crianças, sempre de 7h às 9h. Outro fator importante é a quantidade de doses para cada criança. Vai depender da avaliação do pediatra, podendo ser entre uma e 5 doses, sendo aplicada uma por mês. Em 2021, a campanha assistiu aproximadamente 60 crianças. Para este ano, apesar de não termos uma meta pré-estabelecida, esperamos dar assistência pelo menos na mesma quantidade do ano passado”, finalizou a enfermeira.
Dados preocupantes
A Organização Pan-americana da Saúde (OPAS) e a Organização Mundial de Saúde (OMS) apontam que as infecções respiratórias agudas são responsáveis por cerca de 40 a 60% de todos os atendimentos ambulatoriais em pediatria na América Latina. A Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias (Conitec) no Sistema Único de Saúde (SUS) do Ministério da Saúde (MS) afirma que entre 40 a 60% das crianças são infectadas pelo vírus no primeiro ano de vida. Mais de 95% já foram infectadas aos dois anos de idade.
Ainda de acordo com a Conitec, entre a maioria das crianças, a infecção evolui como um resfriado comum, no entanto, aproximadamente, 25% podem apresentar, em seu primeiro episódio, um quadro de bronquiolite ou pneumonia, inclusive necessitando de internação hospitalar por dificuldade respiratória aguda em cerca de 0,5 a 2% dos casos.