Objetivo é imunizar, de fevereiro a julho, crianças de zero a dois anos contra bronquiolite, pneumonia e traqueobronquite
Texto e fotos: Wesley Gonçalves/Ascom HUCF
A incidência das doenças sazonais oportunistas costuma aumentar a partir deste mês. Entre as infecções mais comuns nesta época do ano estão: pneumonia, bronquiolite e traqueobronquite. Elas são causadas pelo Vírus Sincicial Respiratório (VSR) em bebês prematuros e/ou portadores de comorbidades de risco (como doenças cardíacas e pulmonares) até os 2 anos de idade.
Objetivando a prevenção contra o VSR, o Hospital Universitário Clemente de Faria (HUCF), vinculado à Universidade Estadual de Montes Claros (Unimontes), iniciou a campanha de vacinação da Palivizumabe, voltada para crianças de até dois anos de idade. A campanha começou na última sexta-feira (10/02) e prossegue até o mês de julho.
A Palivizumabe é uma imunoglobulina – um tipo de anticorpo “pronto” que induz imunização passiva específica contra o Vírus Sincicial Respiratório. O recomendável é que bebês, abaixo de 28 semanas de vida, crianças com cardiopatia congênita, doença pulmonar crônica da prematuridade e outras comorbidades, necessariamente, venham tomar as cinco doses do medicamento.
As doses da imunoglobulina estão sendo aplicadas toda sexta-feira, no sétimo andar do Centro Ambulatorial de Especialidades Tancredo Neves (CAETAN), vinculado ao Hospital Universitário.
Para receberem a dose da vacina Palivizumabe no Hospital Universitário da Unimontes é necessário que os pais ou responsáveis peguem o formulário com o médico em um posto de saúde da atenção básica, onde as crianças são assistidas e agendem junto à Secretaria Municipal de Saúde o atendimento, que é feito em parceria com o CAETAN.
A médica responsável pela campanha de vacinação da Palivizumabe no CAETAN, a cardiopediatra Patrícia Lopes Moraes explica que as infecções respiratórias agudas no primeiro ano de vida, podem ser responsáveis por até 75% das bronquiolites e 40% das pneumonias durante os períodos de sazonalidade.
O Vírus Sincicial Respiratório é responsável por mais de 50% das infecções respiratórias em bebês com até 1 ano de idade e por mais de 65% das internações em bebês prematuros.
“É extremamente importante que os pais ou responsáveis não deixem de trazer a criança para a vacinação. Se a criança por alguma razão ou motivo alheio deixar de tomar uma das doses da Palivizumabe, ela ficará desprotegida. O Vírus Sincicial Respiratório circula com mais sazonalidade nesta época do ano e tem maior probabilidade de quem não se vacinar ou vacinar de forma incompleta pegar as infecções oportunistas. Durante o período da campanha, de fevereiro a julho, e as crianças devem tomar cinco doses da vacina, uma dose mensal”, ressalta a cardiopediatra do Hospital da Unimontes.
Além de aumentar a proteção de crianças contra a infecção pelo VSR, o medicamento é recomendado para lactentes que tenham indicação médica.
Patrícia Lopes também ressalta que “o primeiro passo é o pediatra apontar a necessidade para o bebê”.
Em 2021, a campanha do CAETAN/Hospital da Unimontes assistiu 60 crianças, quantidade que foi ampliada para 78 crianças no ano passado.
“Para este ano, apesar de não termos uma meta pré-estabelecida, esperamos dar assistência pelo menos na mesma quantidade do ano de 2022”, observa a pediatra Patrícia Lopes.
Dados preocupantes
A Organização Pan-americana da Saúde (OPAS) e a Organização Mundial de Saúde (OMS) apontam que as infecções respiratórias agudas são responsáveis por cerca de 40 a 60% de todos os atendimentos ambulatoriais em pediatria na América Latina.
A Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias (Conitec) no Sistema Único de Saúde (SUS) do Ministério da Saúde (MS) afirma que entre 40 a 60% das crianças são infectadas pelo vírus no primeiro ano de vida. Mais de 95% já foram infectadas aos dois anos de idade.
Ainda de acordo com a Conitec, entre a maioria das crianças, a infecção evolui como um resfriado comum, no entanto, aproximadamente, 25% podem apresentar, em seu primeiro episódio, um quadro de bronquiolite ou pneumonia, inclusive necessitando de internação hospitalar por dificuldade respiratória aguda em cerca de 0,5 a 2% dos casos.