Rodrigo Cadeirante e sua Família sofreram ataques na rede social. Polícia está no encalço dos envolvidos
A Polícia Civil de Montes Claros investiga ameaça de morte feita ao vereador Rodrigo Cadeirante e a seus familiares. O autor utilizou o perfil “vulgo_sagaz-td22” no Instagram para proferir ofensas e palavras de baixo calão ao vereador. Abaixo de uma postagem sobre a privatização de rodovias e cobrança de pedágios, escreveu: “ Vtmnc (sic) fdp eu vou matar sua família”. A publicação foi apagada, mas Cadeirante já tinha feito o print.
Ele fez boletim de ocorrência e entrou com representação na polícia. O caso está sendo investigado pelo Departamento de Crimes Cibernéticos da PC. Investigador ouvido pela reportagem informou que não será difícil chegar ao autor das ameaças.
Apesar do ocorrido, Cadeirante não alterou sua rotina e mantém a agenda de trabalho. Amigos que trabalham com segurança armada chegaram a oferecer proteção, mas ele disse confiar nas instituições e que não vai se intimidar.
“Já fui ameaçado por prefeito que já foi preso, por político, por presidente de partido que também já foi preso e por empresário picareta já condenado. Não é um vagabundo desses que vai me fazer abaixar a cabeça. Meu propósito na política é justamente incomodar”, desabafou durante pronunciamento na tribuna da Câmara.
As ameaças ao político foi o principal assunto debatido na reunião ordinária da Câmara Municipal dessa terça-feira, com praticamente todos os vereadores se revezando ao microfone para prestar solidariedade ao colega.
Os ataques ocorrem justamente após uma semana em que Cadeirante fez uma série de denúncias contra segmentos que detêm poder, notadamente empresas que lucram com privatizações de rodovias e empresas públicas. Atacar o denunciante também interessaria a grupos políticos que apoiam essas medidas, tomadas pelo governo do estado. Motivação política, a propósito, é uma das linhas de investigação.
Além de enviar mensagem, o agressor ainda tentou, sem sucesso, ligar várias vezes para a vítima, pelo Instagram. “Nós vamos te encontrar e você vai ter que explicar a razão das ameaças e quem te pagou”, avisou Cadeirante.
Da petista Iara Pimentel a Carol Figueiredo, do PL, todos os vereadores presentes foram ao microfone para manifestar repúdio às ameaças sofridas por Rodrigo Cadeirante. Conservadores e progressistas foram unânimes em defender a autonomia do vereador em expressar opiniões e fazer denúncias, sem que sofra qualquer tipo de ameaça ou intimidação no exercício do mandato.
Daniel Dias (PCdoB), Eduardo Preto (PODE), Edson Cabeleireiro (PV), Maria Helena Lopes (MDB), Graça da Casa do Motor (União Brasil), Ailton do Village (MDB), Cláudio Rodrigues (Cidadania), Júnior Martins (PP), Raimundo do INSS (PDT), Marlus do Independência (PSD), Rena de Nova Esperança (União Brasil), PC Landin (Avante) e Crisóstomo da Minas Brasil (União Brasil) foram na mesma linha.
Eles creditaram os ataques à coragem de Rodrigo Cadeirante em denunciar abusos e defender a população, características que fizeram dele o mais votado de Montes Claros consecutivamente. “Posso não concordar com nenhuma das palavras que você disser, mas defenderei até a morte o direito de você dizê-las”, lembrou Eduardo Preto ao se referir a uma citação extraída do
pensamento do filósofo iluminista Voltaire
(1694-1778),
A frase, na verdade, foi escrita pela autora inglesa Evelyn Beatrice Hall para resumir o pensamento do filósofo francês, mas é equivocadamente atribuída ao filósofo francês.
Alguns vereadores aproveitaram o episódio para cobrar da Mesa Diretora a adoção de medidas que protejam os vereadores no
recinto da Câmara. Há relatos de pessoas armadas participando das reuniões e de
vereador sendo filmado dentro do prédio. Nos últimos 10 anos, 85 vereadores foram assassinados no país.


